terça-feira, 30 de abril de 2024

Andarilha de mim..

Esse blog vai fazer 13 anos em maio, com esta postagem já somam 60 e realmente não tenho a menor ideia de quem o lê! 

Sempre foi meio que respostas que eu queria dar ou declarações que eu desejava fazer. 

Um misto de desejo de ser "Glória Maria" - jornalista ou uma das escritoras das comédias românticas da sessão da tarde ou mesmo uma voz a ser ouvida. 

Por fim, acho que se tornou um grande desabafo daquilo que extrapola em mim. 

Quando criança, digitei um acervo inteiro em uma máquina de datilografar de uma escola, porque isso tornava minha escrita importante e funcional. Também mandava cartas social a uma amiga com crônicas e sonetos que eu escrevia. 

Vejam só, cheguei a roteirizar um curta na fase do teatro. 

No fim, acho que nunca fui tão "normal", dentro das convenções sociais... pois amava letras, mas os números e a natureza também me encantavam. 

A curiosidade me movia, o ímpeto, o desejo.. afinal sempre fui o tipo de garota que tropeça nas estrelas, só pra ter o gostinho de amanhecer nas nuvens. Esse é meu status mais antigo.

Por que estou aqui? Escrevendo essas coisas tão sem sentido? Não faço a menor ideia! 

Ando meio triste, desesperançosa e ansiosa... um sentimento antigo que há tempos eu não revisitava.

Acho que sempre escrevo sobre possibilidades e otimismo, mas saber ser vulnerável também é preciso.  

Vasculhar algumas sensações mais fortes e mais reais, me fez lembrar de uma Gabriela adolescente, que tinha uma explosão de sentimentos com muitas emoções imbuídas, viva.. mas que logo em seguida desperta medos e inseguranças.

Me apaixonei! E o louco disso tudo, que não tem o menor sentido do porque disso... A rapidez dos fatos, a não correspondência como eu imaginava, o não conhecimento do outro. E nem sei se foi uma idealização, mas acho que mais sobre as imperfeições dele caber na minha ideia de perfeição. 

Do gostar do outro como transparece ser, sem máscaras ou armadilhas.  

Só que não se gosta só, não se alimenta vontades só, pois essa é uma espera constante sobre algo que não vem, mas ao mesmo tempo eu devia saber que não é saudável gerar expectativas. 

Escreve eu, gerando inúmeras delas! A espera de uma mensagem, ou algo do tipo... 

Será que quando descreveram a sensação de borboletas embrulhando o estômago e saindo pela boca, como paixão, não era mesmo uma crise de ansiedade por ausências?! 

Ou mesmo que o sentimento de saudades é uma dor de reviver tão desesperadamente algo que não vem?!

Enfim, estou aqui procurando uma música dos Beatles para concluir essa postagem sem sentido.. rs como sempre foi feito nesse blog, mas só consigo pensar em "Proposta" dos Gilsons.

"Cê quer saber
Quero te ver
Fico a noite inteira
Pensando em você
É muito louco esse nosso lance
Vou te dizer foi de fuder
Ficou na minha mente
Não da pra esquecer
Nossos corpos querem mais uma chance"




Para que meus garotos de Liverpool não fiquem chateados.. vou assistir a lua solitária e ouvir minha guitarra chorando gentilmente! 

"As I'm sitting here doing nothing but aging
Still my guitar gently weeps"
(While My Guitar Gently Weeps - The Beatles) 

terça-feira, 9 de abril de 2024

Sonho de uma noite de outono, em clima de verão soteropolitano.

Seria esse romance tão curto quanto a comédia do caro Shakespeare?! 

Era tudo perfeição, dentro do meu particípio imperfeito.. nossos verbos se conjugavam sem certeza alguma. Poderia usar vários filmes com enredo similar, como “entre lençóis” ou “before sunrise”, ambos sobre intensidade, de um lado um romance de noite única, do outro algo para continuidade da vida. Não seria a obra de Shakespeare parte de ambos?


Bem, vamos iniciar de um começo, conforme minha versão de sensações. Porém, nada impede que como um sonho se perca a cronologia ou lógica. 


Era madrugada de sexta, na qual eu relutava em dizer que ainda era quinta, pois não havia dormido… um match que surgiu após brincadeira de amigas, com intuito apenas de uma “olhadela”. E num piscar de olhos, me perdi completamente em cada palavra digitada. 


Se estendeu de meia noite e badaladas até quase 2h da matina. Muitas declarações e principalmente compatibilidades, pois ele sabia exatamente o que me dizer, para me convencer a correr pros seus beijos, me lia nas entrelinhas. 


Na manhã seguinte ouvir sua voz, assistir sua aula, meu corpo tinha certeza dos quereres anunciados, com mais trocas de vontades e combinações, além da possibilidade real de corpos, com um convite PERFEITO: - vamos ver o pôr-do-sol e ir ao cinema? E eu só pensava como pode alguém tão realmente irreal?!


Me desculpe meu amigo Paul, que decorou tão bem este blog por tantos anos, mas posso tranquilamente trocar um “close your eyes and I’ll kiss you, tomorrow I’ll miss you” pela linda voz baiana da Gal que melhor embala esse curto romance, quando ela diz … “guarde um pedaço de mim, um cheiro do lado da cama, seu gosto na ponta do queixo, meu sangue escorrendo seu peito.  Vejo no tato sua pele, tattoo com dedo seu gosto…


Assim, sigo… o deitar do sol não pôde ser visto. Mas, tal qual Rose descia as escadarias ao encontro de Jack, te vi naqueles degraus do hotel. Real, palpável, deliciosamente agradável aos olhos, teu cheiro veio até mim, mesmo antes de te tocar. Caminhamos conversando até o cinema da esquina, proseando trivialidades, que nem de longe eram tão triviais. Você me encantava com números, axiomas, teorias, métodos, minhas curvas e ruídos se perdiam ainda mais nas suas transformações rápidas e não tão discretas. 


Me dando certeza, de que se eu pudesse voltar dez vezes àquele elevador, só para ter a sensação do nosso primeiro beijo, eu as voltaria! Momento em que nossos corpos se encontraram em sintonia fina.. eu podia sentir sua respiração, seu toque. Ao chegar no terraço, além de uma visão esplêndida, minha boca já era de seus beijos, meus ouvidos eram para te ouvir, minhas pernas para se abrir e meu corpo feito para te querer. 


No cinema, tudo que já era latente e estava posto, foi ainda mais agravado, pois meu colo te pertencia, minha boca tinha seu gosto, sua boca sabia exatamente que parte de mim teria, eu nem resisti... só cedi, nossos pontos já eram convergentes. Mesmo nem se dando conta do que se passava naquela tela, era a sua película que eu via, era seu pulsar de peito e trepidar de corpo que me movia.  


Das racionalidades pragmáticas que a vida me dá, o amor não deveria ser uma delas. Eu só queria sair dali contigo!


Tínhamos paladar comum, jantar contigo era cereja de bom bolo… desde a possibilidade de uma fila no restaurante ao sentar e compartilhar sabores contigo, te ouvir abrilhantar minha mente, aguçar minhas curiosidades, regado a sushi, quem tem pé no oriental, sabe que é jantar especial. Mas, eu desejava desesperadamente te tirar dali... te despir as roupas, já que minha alma estava nua. 


Essa parte é a mais engraçada deste relato, seria o mais próximo de comédia, para que aqui se considere uma comédia romântica rs. Um Uber que se bate aos quatro cantos em busca de uma estalagem sexual rs, para não perder a graça ou feeling do enredo. Na quinta tentativa e certeira, eu mal aguentei continuar sem me estabanar em você, já que suas mãos já eram parte das minhas coxas. 


O que eu posso dizer desse momento? As marcas contam as histórias, que estou revivendo até aqui! Você me deu um date perfeito! Nossos corpos foram um só até a exaustão… eu queria mais e mais. No fim, só pude assistir você dormindo cuidadosamente no meu peito até seu destino, quando eu queria que o tempo se estendesse como em um sonho, onde se passam anos e foi apenas uma noite… queria assistir o que poderíamos ser, com tantas compatibilidades.  


E assim, como em Shakespeare os casais foram atrapalhados e reatados, tudo ficou em seu devido lugar.


Meu sonho de uma noite de outono, quente e mais próximo de um verão ardente... terminou em um acinzentado esvair em chuvas sem um adeus sequer. Quando eu me perderia para sempre em seus braços, moraria em tua boca e deixaria minha entre pernas abrigar você, ser sua morada. 


Ahhh jovem Tás.. o que seríamos sem 1000km de separação?!